
SUYAN DE MATTOS
ARTISTA PLÁSTICA
Suyan de Mattos
Rio de Janeiro, 21/01/1962
website:https://suyandemattos.wixsite.com/meusite
Formação Acadêmica
2003 – Pos-doutorado em Artes - Universidad de Buenos Aires/UBA (tutoria de Andrea Giunta);
1996 – Doutorado em História da Arte, Instituto de Investigaciones Estéticas, Universidad Nacional Autonoma de México/UNAM (orientação de Rita Eder).
1993 – Mestrado em Artes Plásticas, Academia de San Carlos - Universidad Nacional Autónoma de México/UNAM (orientação de Armando Torres-Michúa)
Distinções e Principais Exposições
2018 – Exposição individual Suyan de Mattos, Casa dos Quatro Galeria, Brasília/DF, exposição coletiva De la Norma al Nombre, Centro Cultural Brasil México, Ciudad de México/México, Carta/Obra (3ª edição), Centro Cultural Brasil México, Ciudad do México/México; Inauguração da Calçada Portuguesa (pedras portuguesas) na calçada em frente à galeria deCurators; OndaAndaaOnda III, Galeria Parangolé, Espaço Cultural 508 Sul, Brasília/DF.
Ação artística (grafite) Calçada Portuguesa nas seguintes localidades: Museu Nacional da República, deCurators, Alfinete, Elefante, Referência, Galeria UnB, FUGA, Brasília/DF - Brasil; Memorial de Olhos d’Água e Núcleo de Arte do Centro-Oeste/NACO - Olhos d'Água/GO - Brasil; Centro Cultural Brasil México (sobre o tapete de entrada e na via pública) e Embaixada do Brasil (sobre o tapete de entrada), Cidade do México/México.
2017 – Exposição coletiva Carta/Obra (1ª e 2ª edição), deCurators Galeria, Brasília/DF; Não Matarás, Museu Nacional da República, Brasília/DF; ação artística Tratado de Tordesilhas, Praça de Olhos d’Água, Alexânia/GO; OndaAndaaOnda II, Museu Nacional da República, Brasília/DF.
2016 – Exposição coletiva Carta/Obra (1ª e 2ª edição), deCurators Galeria, Brasília/DF (curadoria); OndaAndaOnda I, Museu Nacional da República, Brasília/DF.
2015 – Exposição individual Escritura Privada, Museu de Arte de Goiânia/MAG - GO; OndeAndaaOnda, Museu Nacional, Brasília/DF; Aqui Jaz a Natureza Morta, com Suyan de Mattos e Hilan Bensusan (concepção da artista), curadoria de Gisel Carriconde Azevedo, deCurators Galeria, Brasília/DF, 2015.
2014 – Participou da performance “Neuys, a Senhorita e o seu Motor Norte”, na inauguração da exposição de Joseph Beuys – Res-pública: conclamação por uma alternativa global, no Museu Nacional da República, Brasília/ DF; exposição coletiva Museu Histórico e Artístico de Planaltina/DF com acervo do Museu de Brasília /MAB (curadoria Wagner Barja)
2013 – OBRANOME III, Antologia da Poesia Visual/Língua Portuguesa, Mosteiro de Alcobaça, Alcobaça/Portugal; Exposição individual Os Abandonos (vídeo-instalação) no Museu de Arte de Blumenau/SC; Performance Escritura Pública em Westerpark Gas Frabrick, Amsterdam, Holanda.
2012 – XI Salão Latino Americano de Artes Plásticas, Santa Maria/RS, Performance Ato Subverviso Dona JupYra, a Musa Tupi or not Tupi por ocasião da abertura do Prêmio Situações Brasília no Museu Nacional de Brasília; Exposição individual Vitrine: Os Mundos do Lobo (espaço da dor), Casa da Praça, Castro/PR, XI Bienal do Recôncavo, VI Bienal do Esquisito, 70º Salão Ararense de Artes Plásticas Contemporâneo 2012/SP, “O Semi-Círculo”, Museu Nacional da República/MuN, Brasília.
2011 – Desvenda/ Feira de Arte Contemporânea por ocasião da 10ª SPA das Artes no Museu Murillo La Greca, em Recife, II Belvedere Paraty Arte Contemporânea.
2010 – Exposição individual Hades das Artes: a exumação da memória recente (fotografia e performance),Galeria da FAV/UFG; exposição individual (objetos e instalação) Vou te contra um segredo: o coração emudece…, Galeria da CAL/UnB.
2009 – XV Salão UNIFOR Plástica, Fortaleza/CE, IX Prêmio de Arte Contemporânea do Iate Clube, Brasília/DF.
2007 – Exposição individual “I love you, Suyan” (instalação) Galeria da CAL-UnB, “Acervos em Movimento”, Museu de Arte de Brasília/MAB.
2006 - X Bienal Nacional de Santos de Artes Visuais, Centro Cultural Patrícia Galvão, Santos/SP.
2005 – Projetos Atos Visuais, Marquise da FUNARTE/Brasília, Artistas de Goiânia e Brasília, curadoria de Divino Sobral e Carlos Sena, exposição coletiva Galeria da Faculdade de Artes Visuais, FAV/UFG-GO.
2004 – IX Bienal Nacional de Santos de Artes Visuais, Centro Cultural Patrícia Galvão, Santos/SP; ABC - Arte Brasiliense Contemporânea, curadoria de Carlos Sena e Divino Sobral, Galeria de Arte Faculdade de Artes visuais/FAV - UFG, Goiânia/GO.
2003 – III Salão Nacional de Artes de Goiás, curadoria de Waldir Barreto Filho, Flamboyant Centro Cultural, Goiânia/GO.
1998 - Quinto lugar e menção honrosa no III Salão de Artes Plásticas de Brasília e individual Projeto Prima Obra de 1998, Galeria da Funarte, Brasília/DF.
1997 - Menção honrosa no II Salão de Artes Plásticas de Brasília, curadoria de Wagner Barja, Iate Clube de Brasília/DF.
1994 – II Bienal Nacional de Pintura Pascual, Museo Carrillo Gil, CDM
1993 – II Bienal Nacional de Dibujo y Pintura José Clemente Orozco, Instituto Cultural Cabañas, Guadalajara/México.
1992 – La Saciedad de las Pinturas Muertas, curadoria de Juan Rumoroso, Ex-teresa Arte Actual en Ciudad de México. Residência Artística.
2015 – Ocupação Cemitério do Peixe: magia e morte nas artes visuais, 11ª Edição da Rede Nacional Funarte de Artes Visuais.
2014 –XIV Residencia de Arte Contemporáneo de Curatoría Forense, com o Projeto Museo Sin Pierna, Villa Alegre, Chile.
2013 – Can Serrat, com o Projeto Escritura Privada, Le Bruc, Barcelona/Espanha.
2012 – Bab Bienal, com o Projeto Escritura Pública, coordenação Bab(e)ducativo: Armando Mattos, Armação de Búzios/RJ.
Museus e Coleções (acervo)
2010 - Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Brasília/DF.
1998 - Galeria Homero Massena, Vitória/ES.
1995 - Museu de Cozumel, México
Coordenações de Salões de Arte e Residência Artística
2018 - Residência artística Hospitalidade/Casa Aberta: Olhos d’Água 1ª edição (júri Wagner Barja e Gisel Cariconde Azevedo). Selecionados: Danna Lua Irigaray, Iguinho Krieger, Leci Augusto, Matheus de Simone, Raissa Studart.
2000 – Prêmio de Linguagem Visual: Incentivo à Produção Artística, Casa de Cultura da América Latina/CAL – Instituto de Artes/IDA – UnB, jurados: Wagner Barja, Elder Rocha e Tânia Fraga.
1998 – Primeiro Salão de Linguagem Visual/FADM, Galeria da Caixa Econômica Federal, Brasília/DF, jurados: Evandro Salles, Mário Jardim e Renata Azambuja. Curadoria
2018 - Exposição coletiva As Caixas, Museu Vivo da Memória Candanga, Exposição coletiva Carta/Obra (3ª edição), Centro Cultural Brasil México, Cidade do México/México.
2017 - Exposição coletiva Carta/Obra (1ª e 2ª edição), deCurators Galeria, Brasília/DF.
Portfólio
Textos
A Escritura Privada de todos nós.
O ponto de partida da obra de Suyan Escritura Privada é um conto do velho Rosa, uma narrativa cujo o fim instaura, precisamente, a abertura de um percurso; um tópico que se repete em outras narrativas precedentes, em autores que o precederam: a da diferença que se engendra pela identidade, mas que é tão somente fluxo. Guy de Maupassant com o Horla, espécie de contorno que se imiscui entre o espelho e olhar, e Machado de Assis com um conto onde a imagem refletida surge sem o contorno apontam para esse resto especular que emerge na superfície de todo espelho: a intensificação dos limites, que faz com que os mesmos desapareçam; limite que não é senão mudança, deslocamento.
Escreve Guimarães Rosa nas Primeiras Estórias:
E a terrível conclusão: não haveria em mim uma
existência central, pessoal, autônoma? Seria eu um... des-almado? Então, o que
se me fingia de um suposto eu, não era mais que, sobre a persistência do animal,
um pouco de herança, de soltos instintos, energia passional estranha, um entrecruzar-se de influências, e tudo o mais que na impermanência se indefine? Diziam-me
isso os raios luminosos e a face vazia do espelho - com rigorosa infidelidade. E, seria
assim, com todos? Seríamos não muito mais que as crianças - o espírito do viver
não passando de ímpetos espasmódicos, relampejados entre miragens: a
esperança e a memória.
Essa “rigorosa infidelidade”de que fala Rosa, a persistência, não de algo que carece de centro, mas sim do descentrar-se como ordem dos ímpetos, relampejos e miragens que se resumem à esperança e memória daquele que procura encontrar no espelho seu contorno; e procura definir-lhe um alcance: o não-ser que nos aponta Sócrates no livro X da República como sendo a natureza especular do que há para ser visto e sentido, ou seja, uma natureza que é somente fluxo. E o que é esse fluxo? Coisa que se conta que não é o real, que conta o não-real quando se pensa que há o real. Mas o que é esse real? A permanência sob o fluxo, a essência, o fundamento, estável, sobre o qual o pensamento ocidental se assentou. Esse fundamento – que fora do tempo o determina, ensina a direção e o sentido que a tudo dá sentido – essa metafísica pretende que o espelho seja a metáfora do engano, que escapa ao fluxo, para recontá-lo, reescrevê-lo, como ficção, reencenada a cada vez, em outro mito. Entretanto, esse recontar, não se esgota, tanto quanto se renova a cada obra, cada conto, cada estória e história que anuncia sempre uma convocação, como faz Suyan a Leopoldo Wolf: um convite a traçar um caminho e percorrê-lo, passagem por onde se consagrou um qualquer fluxo heraclitiano, a imagem de um rio, no qual não se entra duas vezes; imagem especular a se repetir na diferença do olhar lançado ao espelho. A marca da passagem, um rio seco? Rio que não o é, tem um lugar: ao lado de Can Serrat, El Bruc, Espanha. Assim, o artista, convida um outro artista a realizar um percurso: caminhar por onde antes caminhava um rio, fluxo, e atravessar pela escritura um espelho que lhe serve de lousa colocado no leito seco. O que se escreve, a história que se apagará com a imagem de Leopoldo ao final da ação, nada mais é que a natureza ficcional da memória, esse espelho/escritura. Por isso é uma escritura privada, só de Leopoldo. Todavia uma estória da história do espelho, dos reflexos e imagens e outros espelhos enovelados nas memórias e esperanças de toda escritura abre-se aqui por 47 fotografias e um vídeo onde encontra-se gravada a performance/intervenção de Leopoldo Wolf, dentro de um rio seco de tempo, como no espelho que é toda arte.
Walter Menon
Caiobá 2/01/2015