
Cleber Cardoso Xavier
Projeto Hospitalidade/Casa Aberta
É deste local de fala, de – pesquisador, artista, professor, nostálgico registrador do presente, do comum cotidiano – que me mostro e pleiteio a vaga de residente e curioso observador no presente edital. Como fotógrafo, promovo registros de dois assuntos recorrentes: cemitérios e cotidianos. O primeiro é assunto para provocar a leitura da vida pelo objeto/local símbolo da morte. O segundo é o registro da vida em si, no mais simples acontecimento, visando valorar o
comum, o simples ato de fazer e existir, sendo a conjugação de verbos, a meu ver, a vida. É no encontro com o comum, onde enxergo a beleza, a estética da vida e um dos vieses da expressão humana.
Minha proposta é levar parte do acervo de materiais que herdei da minha família (porcelana, livros, fotos, santos, papeis, linhas, metais, roupas, etc), ou seja, parte da minha identidade, para juntamente com a busca e coleta de materiais da localidade de Olhos D’Água construir o diálogo entre ambos e possivelmente gerar expressões/obras desta vivência. A contaminação é o passo que se dá a todo instante, é na troca que se cria o novo universo, sendo sempre o
presente uma construção do passado com o entorno que se tem. Assim, pretendo conhecer pessoas locais, a partir de caminhadas e paradas de prosa, trocas de impressões e suores, enfim, troca de vida. O resultado poderá ser tanto bidimensional, quanto tridimensional, além de registros fotográficos que farei, inevitavelmente, além da produção textual, que me é pertinente.
Mas é necessário frisar que a proposta é trabalhar com o material que eu levar e o material que eu coletar da experiência de vida no local. Como não sei, não ficou claro sobre a possibilidade de deslocamento e uso de tecnologia e materiais fora da residência, não proponho diretamente aqui uma produção/exposição fotográfica do meu olhar, mas os registros serão efetuados, podendo ser um desdobramento futuro da residência. Se possível, gostaria de também interagir com as possíveis unidades escolares da localidade para promover (se possível) um projeto educativo da/para e durante a residência artística, visando despertar tanto no professorado quanto no no alunado, questões relacionadas a patrimônio e pertencimento.
