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André Felipe Cardoso

Projeto Hospitalidade/Casa Aberta

 

Nasci em um lugar, mas sinto que sou de muitos outros lugares. Carrego comigo uma necessidade de pertencimento, de fazer parte, de ser pertencido e ser parte do lugar, e acredito que isso exerce uma grande força sobre o meu trabalho, nas investigações que faço e nos desdobramentos destas. A paisagem, a memória, esquecimento, a história e o vínculo são assuntos recorrentes em minhas produções.

Na Residência Hospitalidade/Casa Aberta, pretendo desvendar essas relações de afeto dos moradores com o lugar, essa história das relações com a paisagem da cidade e principalmente os vínculos das pessoas com o lugar, com aquilo que é histórico, aquilo que é tradição, que é comum. Almejo obter essas informações de maneira orgânica, pelo boca-boca, com o ato de me aproximar e me inserir como parte do lugar obtendo uma confiança daqueles que habitam esse espaço. Me coloco na tarefa de descobrir essas relações dos moradores com o lugar durante a minha experiência com a cidade e seus habitantes. Como a paisagem do lugar compõem a memória efetiva e a história das pessoas que habitam essa cidade?

 

Na construção dos trabalhos a serem realizados na residência, irei começar fazendo um percurso para decifrar Olhos D’Água à partir do vínculo dos habitantes com o lugar e a paisagem, irei criar uma linha com tudo aquilo que liga o lugar de onde venho com o lugar onde estou, e nesse processo pretendo oferecer tudo aquilo que eu for capaz de fazer para os moradores — em uma casa capinar o quintal ou fazer serviços de jardinagem em troca de materiais como livros, fotografias, objetos, por exemplo.

Esses materiais adquiridos durante o percurso de ouvir e fazer trocas com os moradores da cidade irão compor meu repertório de suportes para a execução dos trabalhos que trazem cargas afetivas do próprio lugar, ou seja falar sobre a cidade com coisas da cidade. Embora tenha pontos de partida e interesses para a realização dos trabalhos, a forma deles, a maneira com que serão criados, os materiais que serão utilizados, se dará de acordo com os desdobramentos do meu processo de descobrir da cidade, das minhas intercessões com as pessoas, com o percurso de ouvir e realizar trocas e a convivência com os outros artistas durante a experiência da residência.

Como registro dessa experiência irei criar um livro/diário de artista onde narrarei com desenhos, croquis, frases, textos e outras coisas relevantes que possam servir como base para a produção dos trabalhos finais, esses documentos ficarão como doação para a residência ou outro acervo que possa proteger e oferecer acesso ao material, para que possam ser acesados por outras pessoas e outros artistas que ali passarem. 

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Curadoria Suyan de Mattos  Hospitalidade/Casa Aberta

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