
Rafael da Escóssia - Coringa
Na 3ª edição da residência artística Hospitalidade/Casa Aberta, os artistas Carlos Monaretta, Danillo Butas e Sofia Ramos desenvolvem pesquisas em várias linguagens, mídias e suportes, deixando-se influenciar pela experiência em Olhos D’Água/GO. Recorrente é o processo de coleta de materiais, tais como pedaços de madeiras, explorados poeticamente por Sofia Ramos em suas cidades fabricadas. A precariedade das estruturas instalacionais parece remeter ao que se ausenta da superfície ou é meramente suposto; a contundência daquilo que estava ou que acabou de partir. Por outro lado, Danillo, que também é tatuador, propõe intervenções em muros da cidade, que partem de estudos prévios realizados digitalmente e do ato analógico de se deslocar pela cidade. Se o trabalho de Sofia nos remete ao avesso, por assim dizer, o muralismo de Danillo se encontra na exuberância ornamental. Destaca-se a relação que o artista propõe entre as figuras humanas representadas e os lugares nos quais elas são inscritas: um gesto que homenageia a cidade e contrasta com a timidez do artista. A pesquisa de Carlos Monaretta, frequentemente bem-humorada, vem se desenvolvendo entre o desenho, a escultura e a fotografia. Questões como encaixe, acúmulo e subtração circunscrevem a prática escultórica, que se expande por outros materiais, composições e superfícies. O elemento performativo do trabalho, que se desloca entre movimentos e gestos cotidianos, aponta também para a precariedade. O artista insiste na superfície e volta a ela, inutilmente.
